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A grama, por sua vez,
também se apresenta com algo fértil.
Não fértil como o sagrado coito que deve perpetuar profanamente o mesmo – a
mesma espécie –, para indefinidamente (re)produzir a ordem. Talvez, no âmbito
do coito, essa fertilidade esteja mais perto da sodomia, da penetração anal
que, se é “fértil”, o é em um prazer momentâneo & intenso, que não pode
prolongar-se para além, se não na repetição do encontro (que exige sempre algo
de novo). A fertilidade da grama não se liga, desse modo, a uma descendência ou
a uma cadeia de parentescos (árvore-genealógica-evolutiva), mas a uma expansão,
a uma multiplicação, uma dobra. Grama como anti-genealogia, como comunicações
transversais que embaralham as árvores, que desestabilizam as genealogias, como
escarnecimento dessa descendência ordenável, divisível, enquadrada &
escolar.